Nesta noite fria
Bem antes que amanheça
O relógio me advertia
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
Mas, crescer pra que?
Pra ficar cínico?
E infeliz?
Crescer pra ficar raso?
Casar e ter um caso?
Depois dizer que não quis!
(Ou, nem saber o que dizer…)
Crescer pra que?
Eu ainda lembro
Do calor de Dezembro
Daquela alma ardente…
Daquele jeito sorridente
Do gerânio em meio ao jardim!
Será que ela ainda pensa em mim?
Tento lembrar do seu rosto
Do seu cheiro, do seu gosto…
Mas, tudo virou fumaça!
Enquanto aqui o tempo passa
Nada disso importa mais
Devem ter sido mentiras
(Prefiro pensar assim!)
Deixo o vazio que há em mim
Agora, meu espírito vaga
E tenta se apegar
A qualquer lembrança boa
Quem sabe até encontrar
Talvez, uma nova pessoa…
Casos, acasos, ocasos…
Tudo pra fugir dos descasos
Da solidão…
Mas, é tudo em vão!
E em outra noite fria
Enquanto minh'alma está inerte
Antes que meu coração escureça
O relógio me adverte:
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
Nem o teatro acalenta o coração!
No palco,
Mais uma ilusão!
Um triste palhaço ri!
Na plateia,
Mais uma bela sorri!
Deve ser tudo em vão!
Retiro-me dos meios
Começo a buscar o fim
Ignoro outros anseios…
Talvez a vida seja assim!
Porém,
Numa bela mañana
Surge alguém
Que, pelo menos, não é vegana!
E que, até agora, só me fez bem!
Acho que estou feliz
Se assim posso dizer…
Acho que tenho o que quis
Mas, ainda há muito a se fazer!
Acho que vivo num sonho
Dengoso, mas, não palpável!
Inefável!
Sei lá!
Só sei que estou
Em algum lugar!
Hoje estou mais perto
De onde quero chegar!
Mas, o futuro hoje é incerto!
E pra que o meu espírito esmoreça
O relógio vem me avisar:
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
" Menino, cresça! "
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