sábado, 5 de maio de 2018

Retorno



Tenho tido o mesmo sonho noite após noite.

Sentado na mesa daquele bar
Eu olho pra galera na mesa ao lado
Os vejo sorrindo e conversando...

Até que um deles morre!

O outro muda de nome,
Um terceiro muda de cidade,
Uma muda de vida,
Outro muda de opinião.

E a última,
Simplesmente se levanta e vai embora

Olho para a rua
Os carros rasgam a noite
Em faróis que mais parecem tochas

"Cuidado com o Fogo Corredor!"

Dois deles se encontram
Suas luzes viram um só flash
E logo depois se apagam

Na minha mesa, só estou eu
Não tem comida,
Não tem bebida,
Só um potinho com palitos de dente,
E guardanapos

Olho pra garota no balcão,
A filha do dono do bar,
Limpando os copos...
Servindo os bêbados...
...A mesma cara...
Não me diz nada!

De volta pra rua,
Olho pr'um ônibus que vejo passando
Me vejo na janela e aceno pra mim
Pensando no bar onde nunca entrei

Meu relógio parou,
E eu não tenho celular

Quando começa a clarear
Me pergunto quem está vindo
Se é o sol, ou mais um carro

Pego o caderno,
Escrevo uns versos...
Sempre os mesmos versos,
Mas, não parecem importar muito

Lembro de uma piada,
Que vi num filme,
Conto-a pra mim mesmo
E rio em silêncio

Na parede do canto,
Um aforismo perdido de Nietzsche.
E no som, uma canção do Tim Maia!

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